sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A louca que motiva



A conhecida Era Contemporânea começou causando impacto! Não que os fatos ocorridos em outras épocas não sejam dignos de admiração, mas acontece é que a referida época traz à tona uma realidade jamais experimentada pelo homem: as sensações do novo, diante dos olhos de todos aparecem coisas, inventos, testemunho palpável do quanto o homem é capaz.
      Uma infinidade de máquinas, mas uma em especial, merece toda a atenção. Era julho do ano de 1814, um senhor conhecido como George Stephenson apresenta a sua Blucher para os moradores da pequena Lilligwort.  Daí em diante, o mundo conheceria o grande invento desse inglês, viabilizando as diferentes etapas da cadeia econômica.
     Da Europa para o Brasil não demorou muito. Em 30 de abril de 1854 foi inaugurado o primeiro trecho ferroviário da América Latina, de Sul a Norte, no limiar do século XX, as ferrovias pediam passagem.  Por onde passavam e se instalavam a mudança era percebida rapidamente; nas frentes de trabalho o que se via era um grande número de homens, na verdade construtores do progresso e de uma história.
      Assim, já em 1916 a primeira locomotiva corre em solo piauiense, prestando serviços na construção do primeiro trecho, inaugurado em 19 de novembro de 1919 e que ia do Portinho até o Cacimbão (24 km), nesse mesmo dia, foi lançada a pedra fundamental da estação de Parnaíba
      A Rede de Viação Cearense e depois a Estrada de Ferro Central do Piauí construíram os primeiros trechos dessa história, digo ferrovia, dentre os quais: Amarração, Parnaíba, Bom Princípio, Frexeiras, Cocal, Deserto, Piracuruca, Piripiri.  De 1919 a 1937, foram 191 km de trilhos que marcaram uma época. Em 1957 foi criada a Rede Ferroviária Federal S.A - RFFSA, esta empresa estendeu a malha ferroviária piauiense até o encontro com Teresina. Não podendo evitar o saudosismo pulsante, ah, como era bom aquele tempo. A viagem, uma verdadeira aventura: no inverno, a admiração da paisagem, no verão a poeira que cobria a face, mas nem por isso menos interessante.  Nas estações, a chegada do trem era uma festa, vendia-se de tudo, a tapioca em Bom Princípio, as batatas da Frexeira, o cuscuz de Cocal, o pequi, a manga, os pratos-feitos, a laranja, a cana já cortadinha, até caça vendiam. Em todo o trecho era possível encontrar do comum ao inusitado!
       Estrada de Ferro, quantos partiram de tuas estações, quantos de ti levaram o pão para casa.  Trabalhadores da linha (cassacos), maquinistas, agentes, bagageiros, chefes de trem, ilustres operários que serviram aos que se serviram de ti.  Ir à praia de trem, que aventura! Para a Capital? Nem se fala! De primeira ou de segunda, o bolso era quem determinava.  Isso é progresso. Mas, onde foi parar o progresso? Por que parou? Parou por quê?  Sim, parou, depois de quase setenta anos trilhando pelo Norte do Piauí a ferrovia se despede, seus últimos apitos foram dados nos anos de 1990, seus últimos suspiros... 

Helcio Carvalho Mesquita de Araújo¹

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